segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Chapa 2 da CUT enfrenta grupo político que ocupa há 50 anos sindicato dos metalúrgicos da cidade


Escrito por: Isaías Dalle


Os metalúrgicos de São Carlos (a cerca de 200km da capital paulista) participam nesta segunda (20)

de uma eleição histórica. A palavra, nesse caso, não é exagero ou figura de retórica.

A eleição é histórica mesmo: a Chapa 2, da CUT, enfrenta hoje a família e o grupo político que ocupam o

comando do Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e Ibaté há cinco décadas.

A Chapa 2 da CUT tem possibilidades reais de vitória no pleito de hoje,

segundo os coordenadores da campanha. Há 13 mil trabalhadores na base,

incluindo da VW – terceira maior empresa local – e da americana Tecumseh, fabricante de compressores

para geladeiras, a maior empregadora da cidade.

Um estatuto antidemocrático, que prevê eleições apenas de cinco em cinco anos, a exigência

de ser filiado há pelo menos três anos para poder votar e, além disso, a relação dócil com

o patronato são algumas das razões para que o sindicato da cidade esteja refém do mesmo grupo há tanto tempo.

Para completar a ofensiva conservadora, um jornal semanal que circula gratuitamente em São Carlos,

com 15 mil exemplares, tem trazido nas últimas semanas manchetes sensacionalistas do tipo.

“Se a CUT vencer em São Carlos, haverá milhares de demissões”, num discurso terrorista pré-1978 –

parecido com o usado atualmente por certo candidato à Presidência da República.

Para iniciar a mudança, foi preciso que militantes cutistas passassem a atuar dentro do Sindicato,

em cargos de menor expressão ou mesmo sem cargo algum. Uma ação na Justiça, para garantir a

participação da Chapa 2 na eleição também foi necessária.

“Depois de ganharmos a eleição, nosso primeiro compromisso é reformular o estatuto da entidade,

segundo a concepção cutista de liberdade de organização e de eleições livres”, promete Erick Silva,

trabalhador da Volks e candidato a presidente do sindicato. “Em seguida, o processo de construção de

unidade com os demais sindicatos cutistas da categoria, rumo à igualdade de direitos em todas as

regiões do País”, completa Erick.

A eleição acontece hoje e a apuração das urnas, na próxima quarta-feira.

Os presidentes da CUT Estadual e Nacional, Adi dos Santos Lima e Artur Henrique,

estiveram na cidade na última sexta (17), para participar de uma assembléia com trabalhadores da Tucumseh,

na porta da empresa, e para uma reunião com os integrantes da Chapa 2, sediados provisoriamente

numa casa alugada no centro da cidade.

Artur lembrou aos candidatos o desafio de não esmorecer diante da pressão da chapa situacionista,

que tem espalhado boletins com calúnias contra a CUT – como relatos falsos de agressões

físicas a trabalhadores – nem diante da chantagem das empresas.

“Isso lembra muito certas épocas em que diziam que se os trabalhadores tivessem acesso

ao poder o Brasil viraria de cabeça pra baixo. O Mário Amato (ex-presidente da Fiesp) chegou a dizer, em 89,

que se o Lula ganhasse, mais de 800 mil empresários iam abandonar o país”, citou Artur.

“Isso não é verdade, a CUT saberá fazer um sindicalismo autêntico, aguerrido, de luta,

e também de proposição e capacidade de diálogo”, completou o presidente. Para ele,

um dos primeiros desafios da nova direção será implementar a organização por local de trabalho.

Adi, da CUT São Paulo, fez durante a reunião um resgate histórico da disputa

pelo sindicato de São Carlos. Lembrou, por exemplo, que desde 2002, quando

cutistas passaram a atuar no sindicato, a categoria registrou conquistas como 40 horas semanais

e piso salarial igual ao do ABC paulista.

“Eram coisas que esse sindicalismo pelego não havia conseguido, por que não lutava”,

comentou Adi. Para ele, a tarefa de organizar oposições sindicais para romper com

o conservadorismo e o “sindicalismo de carimbo” permanecem prioridades da CUT.


CHAPA 2 se prepara para eleição no Sindicato dos Metalúrgicos...
















A CHAPA 2, formada por metalúrgicos da CUT, realizou uma reunião para finalizar as estratégias

da campanha, já que concorre ao pleito do Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e Ibaté.

Composta por 46 trabalhadores e trabalhadoras, a CHAPA 2, intitulada “Transparência,

Democracia e Organização”, também reafirmou o compromisso com as propostas da chapa.

De acordo com Erick Silva, candidato a presidência, o evento foi importante porque discutiu os

compromissos que serão apresentados aos trabalhadores. “Com quase 50 anos de fundação,

nunca houve alternância de poder na direção do Sindicato e para nós da CHAPA 2, a eleição é uma oportunidade de mudança, oportunidade de construirmos um Sindicato novo”, disse ele.

Com o objetivo de levar as propostas da chapa para todos os metalúrgicos da cidade,

a CHAPA 2 tem uma Sede de Campanha localizada na rua 9 de julho, 1441, Centro.

A eleição para escolha da nova diretoria do Sindicato acontecerá nos dia 20 e 21 de setembro.

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